Entrada de dólar faz moeda recuar 22,7%
O Brasil tem recebido dólares de forma maciça e em várias frentes.
Fernando Nakagawa
O Brasil tem recebido dólares de forma maciça e em várias frentes. Os dados divulgados pelo Banco Central mostram que, além do investimento produtivo, a oferta da moeda americana cresce porque há aumento nas aplicações estrangeiras em ações, compra de títulos públicos e venda de moeda pelos bancos. Juntos, esses movimentos superam a saída de recursos pelas outras vias e explicam a queda de 22,7% do dólar no acumulado de 2009.
Conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central, US$ 3,26 bilhões ingressaram no Brasil no mês passado para a compra de ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e outros US$ 2,81 bilhões haviam entrado até 24 de setembro. Apenas o valor de agosto corresponde a um quarto de todo o ingresso de dólares acumulado de janeiro a agosto de 2009.
Estrangeiros também aceleraram a compra de títulos de renda fixa. Em agosto, as compras somaram US$ 1,43 bilhão, o que equivale a 41% de toda a entrada para a renda fixa no ano. Dado preliminar de setembro até o dia 24 mostra que outros US$ 1,93 bilhão ingressaram nesse mercado.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, explica que os números do mercado acionário são mais exuberantes porque as ações refletem a expectativa do estrangeiro com o ritmo de atividade no Brasil e há previsão de que o último trimestre seja ainda mais forte, com a expectativa de novos lançamentos de ações no mercado. Nos últimos dias, Santander, Gol e CCR anunciaram a oferta de papéis na Bovespa.
ESTRATÉGIA
A oferta de dólares no mercado à vista foi, ainda, acentuada pela estratégia dos bancos que operam no Brasil. Essas instituições aceleraram a venda da moeda e, com isso, aumentaram a chamada posição "vendida" no câmbio em mais de US$ 4 bilhões entre o fim de agosto e 22 de setembro, para US$ 5,21 bilhões.
Isso quer dizer que os bancos venderam dólares em montante maior que o que havia em caixa, o que gerou dívida na moeda americana. Esse movimento normalmente ocorre como reflexo da estratégia de cada instituição. Ao crer, por exemplo, que o dólar vai seguir em queda, essas casas passam a dever voluntariamente em dólares e, ao mesmo tempo, ficam com caixa em reais porque há expectativa de que a moeda brasileira vai se valorizar ante a divisa estrangeira, o que daria lucro ao banco.
Com tantos dólares no País, o Banco Central já adquiriu US$ 2,81 bilhões no mercado à vista em setembro, até o dia 22. Se as compras continuarem nesse ritmo, o mês deve fechar com umas das maiores intervenções no câmbio do ano, pois o valor preliminar já supera em 7,25% o total adquirido em agosto e é 30% maior que o registrado em julho.
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